História de fantasia sobre criaturas mágicas e aventura

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O Reino Esquecido de Luarion

O Chamado da Floresta

A jovem Isla de Mirval, filha de agricultores simples, sempre sentiu que havia algo diferente dentro de si. Desde pequena, conseguia ouvir sussurros do vento, como se as árvores conversassem com ela em uma língua antiga. Enquanto colhia maçãs no pomar da família, ria sozinha ao sentir que os galhos a cumprimentavam.

Naquela manhã cinzenta de outono, porém, os sussurros eram mais urgentes. O vento repetia o mesmo nome:

Luarion… Luarion…

Isla não sabia o que significava, mas seu coração batia acelerado. E então, ao seguir o som, encontrou um pequeno ser alado, de pele dourada e olhos como estrelas, escondido entre as folhas.

— Você pode me ouvir? — perguntou a criatura, surpresa. — Sou Lyriel, uma fada guardiã. O Reino de Luarion precisa de você.

A Revelação

Lyriel explicou que Luarion era um reino oculto, invisível aos olhos comuns, onde viviam dragões, fadas, centauros e outros seres mágicos. No entanto, forças sombrias ameaçavam engolir suas terras. O Lorde das Sombras, outrora um feiticeiro humano, roubara o Cetro da Aurora, a fonte de equilíbrio do reino.

Somente alguém capaz de ouvir a voz da natureza poderia atravessar os portais e restaurar a ordem.

— Você é a escolhida, Isla — disse Lyriel, pousando em seu ombro. — Mas a jornada será longa e cheia de perigos.

Assustada, mas também fascinada, Isla aceitou. Sentia no fundo da alma que aquele era o destino pelo qual sempre esperara.

A Partida

Ao cair da noite, Lyriel abriu um portal brilhante no meio do bosque. Isla deu um último olhar para a casa de seus pais e atravessou a fenda luminosa.

Do outro lado, encontrou-se em uma planície dourada, onde montanhas de cristal reluziam sob três luas. Criaturas mágicas voavam no céu, e rios cintilavam como prata líquida.

Luarion era mais belo do que qualquer sonho.

Mas a beleza vinha acompanhada de tensão. Vilarejos estavam vazios, muitos campos queimados, e os viajantes falavam em sussurros sobre as patrulhas do Lorde das Sombras.

O Grupo da Jornada

Isla não estava sozinha. Para cumprir a missão, Lyriel reuniu outros companheiros:

  • Kael, um jovem guerreiro centauro, forte, mas de coração bondoso.

  • Nimra, uma feiticeira élfica de longos cabelos prateados, conhecedora das artes antigas.

  • Bram, um anão ranzinza, mestre em forjar armas encantadas.

  • Sombra, um lobo negro falante, de inteligência afiada e olhar penetrante.

Cada um tinha razões próprias para lutar contra o Lorde das Sombras, mas todos se uniram à causa de Isla.

As Primeiras Provas

A jornada começou na Floresta de Espelhos, onde ilusões confundiam os viajantes. Árvores mudavam de lugar, vozes falsas chamavam por ajuda, e caminhos pareciam girar em círculos.

Isla, porém, ouviu novamente os sussurros da natureza. Seguindo o canto verdadeiro do vento, conseguiu guiar o grupo até a saída.

Em seguida, chegaram ao Rio de Prata, guardado por um dragão aquático. Para atravessar, teriam de responder a um enigma:

— O que cresce sem raiz, fala sem boca e morre sem ser morto?

Bram rosnou, Kael coçou a cabeça, mas Isla respondeu com calma:

— O eco.

O dragão sorriu, deixando-os passar.

As Sombras Avançam

Enquanto viajavam, ataques das criaturas do Lorde das Sombras se tornaram mais frequentes. Corvos negros os espionavam do alto, e soldados espectrais emboscavam em estradas.

Certa noite, Nimra revelou um segredo:

— O Lorde das Sombras já foi um guardião de Luarion, assim como nós. Mas sua ambição pelo poder do Cetro o corrompeu. Ele acredita que pode controlar o equilíbrio ao invés de protegê-lo.

Isla, mesmo temendo o inimigo, sentia uma estranha compaixão. Algo lhe dizia que ainda havia humanidade no feiticeiro caído.

O Castelo Abandonado

No meio da jornada, o grupo buscou abrigo em um castelo em ruínas. Mas ali encontraram o inesperado: um grifo ferido, aprisionado por correntes mágicas.

— Ele é guardião dos céus — disse Kael, reconhecendo a criatura. — Se o libertarmos, ele nos ajudará.

Com a magia de Nimra e a força de Bram, quebraram as correntes. O grifo, em gratidão, jurou ajudá-los na batalha final.

A Traição

Nem todos, porém, eram confiáveis. Bram, o anão, durante uma noite silenciosa, foi tentado por um emissário das sombras. O feiticeiro ofereceu-lhe ouro e poder em troca de entregar Isla.

Por um instante, Bram hesitou. Mas ao ver Isla dormindo, protegida pelo lobo Sombra, recordou-se de sua própria filha, perdida em uma guerra antiga. Escolheu permanecer leal, mas o dilema corroeu seu coração.

A Cidade Submersa

Seguindo as pistas deixadas pelos antigos guardiões, o grupo chegou à Cidade Submersa de Elvaris, um local escondido nas profundezas do lago cristalino.

Lá, sacerdotes aquáticos revelaram que o Cetro da Aurora só poderia ser recuperado se Isla despertasse o Coração da Terra, uma pedra viva capaz de neutralizar a magia das sombras.

Para obtê-la, seria necessário enfrentar a Serpente das Profundezas, criatura colossal que protegia o templo.

A batalha foi feroz. A serpente enlaçou Kael, quase esmagando-o. Nimra lançou feitiços de gelo, mas a criatura quebrava-os com a cauda. Isla, guiada pelos sussurros da água, percebeu que a serpente não era má, apenas protetora.

Ajoelhou-se, estendeu as mãos e disse:

— Não queremos roubar, mas restaurar o equilíbrio. Luarion precisa de você.

A serpente, surpreendentemente, recuou. Das escamas do peito, desprendeu-se o Coração da Terra, que Isla recebeu com reverência.

O Confronto Final

Com a pedra em mãos, partiram para a Fortaleza Sombria, lar do feiticeiro. Torres negras erguiam-se contra o céu, e relâmpagos iluminavam muralhas de ferro.

O Lorde das Sombras os esperava no salão principal, envolto em um manto de escuridão.

— Vocês são tolos por me desafiar — disse, sua voz ecoando como trovão. — O Cetro é meu, e com ele dominarei não só Luarion, mas todos os mundos.

A batalha começou. Kael investiu com sua lança, Nimra lançou feitiços de luz, e o grifo atacou do alto. Mas o feiticeiro era poderoso demais. Cada golpe parecia apenas fortalecer as sombras.

Isla, então, aproximou-se, segurando o Coração da Terra.

— Você não precisa ser nosso inimigo — disse ela. — Ainda pode escolher.

Por um instante, os olhos do Lorde brilharam com humanidade. Mas a ambição venceu. Ele ergueu o Cetro para desferir o golpe final.

Isla pressionou o Coração contra o solo. A terra tremeu, liberando uma onda de energia pura que envolveu o salão. As sombras se dissiparam, o Cetro caiu de suas mãos e o Lorde das Sombras desmoronou, reduzido a cinzas.

O Retorno

Com o Cetro restaurado, a luz voltou a brilhar sobre Luarion. Os vilarejos floresceram, as criaturas mágicas retornaram às suas moradas e o equilíbrio foi restabelecido.

Isla, a jovem agricultora, agora era vista como Guardião de Luarion, protetora das terras mágicas.

Mas, em vez de ficar, decidiu retornar ao seu mundo, prometendo que sempre ouviria o chamado da natureza.

Antes de partir, Lyriel lhe disse:

— O portal sempre estará aberto para você, Guardiã.

E assim, Isla voltou para sua aldeia, levando consigo não apenas memórias de dragões, fadas e aventuras, mas a certeza de que a magia estava dentro dela desde o começo.

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