Os Reinos Encantados de Lysendra
Havia, em tempos antigos, terras onde a magia era tão natural quanto o ar que se respirava. Essas terras eram conhecidas como os Reinos de Lysendra, um conjunto de sete reinos unidos por rios dourados, florestas de cristais e céus sempre estrelados. Cada reino tinha sua própria magia: uns dominavam o vento, outros a terra, outros a luz ou a água.
No centro de todos eles estava o Reino de Estelarion, onde ficava o Trono das Sete Chamas, símbolo da união. Quem se sentava nesse trono precisava ser escolhido não pelo sangue, mas pelo coração.
A Princesa de Coração Inquieto
Em Estelarion vivia Princesa Amaris, filha da Rainha Selindra. Amaris era jovem, curiosa e cheia de sonhos. Desde pequena, sentia que sua vida não deveria se limitar às paredes do castelo. Ela queria conhecer os outros reinos, ouvir suas histórias e entender suas magias.
— Amaris, minha filha — dizia a rainha com doçura, mas firmeza —, sua responsabilidade é proteger Estelarion. As viagens são perigosas. Há forças obscuras espreitando nas sombras.
Mas Amaris não conseguia ignorar o chamado em seu coração.
A Profecia Perdida
Numa noite silenciosa, a princesa sonhou com uma voz antiga. Era como se as estrelas sussurrassem:
“Quando a escuridão cobrir os reinos, apenas a chama de sete corações unidos restaurará a luz.”
Assustada, ela correu até a biblioteca secreta do castelo. Lá encontrou pergaminhos esquecidos que falavam da mesma profecia. Um poder sombrio, há muito aprisionado, estava prestes a voltar. Se os reinos não se unissem novamente, todos seriam destruídos.
Amaris entendeu: era sua missão reunir os sete corações.
A Jornada Começa
Sem avisar sua mãe, a princesa partiu ao amanhecer, levando apenas sua espada prateada, um colar que brilhava como lua e a coragem que ardia em sua alma.
No caminho, fez aliados improváveis:
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Kaelen, um jovem mago errante que dominava feitiços de vento e tinha olhos como tempestade.
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Mira, uma arqueira do Reino das Sombras, conhecida por sua precisão e por sua vida marcada por perdas.
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Thalos, um cavaleiro caído em desgraça, em busca de redenção.
Com eles, Amaris cruzou montanhas, desertos e mares encantados.
O Reino de Cristal
O primeiro reino que visitaram foi o Reino de Crystalis, onde as árvores eram feitas de vidro e as flores cantavam ao nascer do sol. O rei de Crystalis, no entanto, recusou-se a ajudá-los.
— Os outros reinos nos abandonaram quando mais precisamos — disse ele. — Por que deveríamos arriscar nossas vidas agora?
Foi então que Amaris demonstrou sua coragem. Quando uma fera de sombra atacou a cidade, ela lutou ao lado do povo, protegendo até mesmo aqueles que não acreditavam nela. O rei, emocionado com sua bravura, entregou-lhe a Primeira Chama, um cristal que pulsava com luz azul.
O Reino das Marés
Depois, seguiram ao Reino de Nereida, escondido sob o oceano. Lá viviam sereias, tritões e criaturas aquáticas. A rainha do mar exigiu que provassem sua pureza atravessando o Labirinto das Correntes Eternas.
As correntes puxavam para todos os lados, criando ilusões e medos. Mira quase se perdeu ao ver uma ilusão de sua família desaparecida. Mas Amaris a segurou pela mão e disse:
— O passado pode doer, mas não define quem você é.
Unidas, atravessaram o labirinto e receberam a Segunda Chama, um cristal aquático que brilhava em tons de esmeralda.
O Reino das Sombras
O mais difícil foi entrar no Reino de Umbra, governado por um senhor que havia jurado servir apenas à escuridão. Suas terras eram cobertas por névoa, e o povo vivia com medo.
Ali, Thalos encontrou seu maior desafio. Ele havia sido exilado de Umbra por desobedecer ao senhor das sombras. Mas ao retornar com Amaris, encarou seu passado e declarou:
— Não lutarei mais por trevas, mas por esperança.
Sua coragem inspirou rebelião. O povo de Umbra se ergueu contra o tirano, e juntos libertaram o reino. Como sinal de gratidão, Amaris recebeu a Terceira Chama, um cristal negro que agora brilhava em luz prateada.
A Ascensão da Escuridão
Enquanto Amaris reunia aliados, a feiticeira Morwenna, senhora das trevas, ganhava força. Ela havia escapado de um antigo aprisionamento e agora buscava destruir o Trono das Sete Chamas.
Seu exército de criaturas sombrias marchava pelos vales, corrompendo tudo em seu caminho. A cada vitória de Amaris, Morwenna ficava mais furiosa.
— Deixe que a princesa junte seus corações — riu ela. — Assim será mais doce destruí-los todos de uma vez.
Os Últimos Reinos
Amaris viajou ainda ao Reino dos Ventos, onde Kaelen enfrentou provas para controlar sua magia e encontrou sua verdadeira força. Receberam a Quarta Chama.
No Reino das Montanhas, os anões deram a Quinta Chama após Amaris derrotar um gigante de pedra que ameaçava suas minas.
No Reino das Estrelas, sacerdotisas celestiais confiaram a Sexta Chama à princesa, pois reconheceram nela a luz da profecia.
Faltava apenas a Sétima Chama, guardada em Estelarion — mas Morwenna já marchava para destruir o reino.
A Batalha Final
As tropas das trevas chegaram às muralhas de Estelarion. O céu estava coberto de nuvens negras, e trovões ecoavam como tambores de guerra.
Amaris e seus companheiros retornaram no momento em que a batalha começava. O povo, antes aterrorizado, encontrou esperança ao ver a princesa liderando o exército com as seis chamas brilhando em seu colar.
No campo de batalha, Kaelen conjurava tempestades de vento, Mira disparava flechas certeiras contra monstros das trevas, e Thalos enfrentava Morwenna com sua espada ardendo em chamas.
Mas era Amaris quem precisava alcançar o trono.
Com coragem, ela entrou no castelo em chamas e colocou as seis chamas reunidas no Trono das Sete. A sétima, que dormia no coração de Estelarion, brilhou intensamente.
Um feixe de luz dourada atravessou os céus.
O Sacrifício
Morwenna invadiu o salão do trono. Sua voz ecoava como trovão:
— Você acha que pode me deter, criança? Eu sou a escuridão eterna!
Amaris ergueu a espada e respondeu:
— E eu sou a chama da esperança!
Com as sete chamas unidas, o trono explodiu em energia. Mas para selar a magia, era preciso um sacrifício: entregar parte da própria essência.
Amaris fechou os olhos, ofereceu seu coração à luz, e o poder se espalhou pelos reinos. Morwenna foi destruída em um grito de dor, e a escuridão se desfez como fumaça ao vento.
O Novo Amanhecer
Quando a luz se dissipou, Amaris ainda estava de pé, mas havia mudado. Seu cabelo agora brilhava como fios dourados, e seus olhos carregavam o brilho das sete chamas.
Ela não era mais apenas princesa. Era agora a Guardião dos Reinos Encantados.
Os sete reinos floresceram novamente. Rios correram claros, florestas renasceram, estrelas brilharam mais intensas. E, pela primeira vez em séculos, todos os povos se uniram em celebração.
Amaris aprendeu que a verdadeira magia não estava apenas nos cristais ou nas espadas, mas na coragem de acreditar na união.
E assim, os Reinos Encantados de Lysendra entraram em uma nova era de paz e luz, guardados pela princesa que se tornara lenda.

