A Guerra das Chamas e das Sombras
O sol se punha sobre os vales de Eldoria, pintando o céu em tons de cobre e púrpura. Mas, naquela terra antiga, não havia paz verdadeira. As colinas guardavam segredos de eras esquecidas, e nas montanhas a leste, sussurros falavam sobre o despertar de criaturas que deveriam ter permanecido em lendas.
O Chamado do Destino
A história começa com Alarion, um jovem aprendiz de mago da Torre de Aranthor. Ele não era o mais talentoso, nem o mais disciplinado. Seus feitiços às vezes falhavam, e seus mestres frequentemente o repreendiam por sua ousadia. Mas havia nele algo raro: uma chama de coragem que não podia ser apagada.
Naquela noite, enquanto estudava pergaminhos antigos, Alarion encontrou um fragmento de profecia que gelou seu sangue:
“Quando as asas do fogo cobrirem o céu, apenas a união de magia e coragem poderá salvar Eldoria.”
No mesmo instante, um rugido atravessou os céus. As muralhas da torre tremeram. O som era inconfundível: um dragão havia despertado.
O Primeiro Encontro
Guiado pelo instinto e pelo destino, Alarion seguiu para as montanhas. No caminho, encontrou Seraphine, uma maga guerreira que dominava tanto a espada quanto os encantamentos. Seus olhos brilhavam como safiras, e seu semblante era firme, quase indomável.
— Você também ouviu o rugido, não foi? — perguntou ela.
— Ouvi. E sei que não é um dragão comum — respondeu Alarion. — Há algo antigo, sombrio, por trás desse despertar.
Juntos, decidiram subir a Montanha de Eldrakar. Foi lá que viram pela primeira vez o dragão Kaelthar, uma criatura colossal, com escamas negras como obsidiana e olhos que ardiam em chamas carmesim. Mas o mais assustador não era o dragão em si. Era o mago que o montava.
Malthor, o feiticeiro exilado, havia retornado. Ele havia descoberto como subjugar dragões com magia sombria, algo proibido pelos antigos.
— Eldoria cairá sob meu domínio — gritou Malthor. — E aqueles que resistirem, queimarão sob as chamas de Kaelthar!
A Jornada da Resistência
Alarion e Seraphine fugiram por pouco. Sabiam que não podiam enfrentar Malthor sozinhos. Então, partiram em busca de aliados.
No bosque de Lunaris, encontraram Eryndor, um elfo arqueiro com sentidos aguçados e uma língua afiada. Nas cavernas subterrâneas, libertaram Brom, um anão guerreiro que havia sido aprisionado por goblins. E, nas planícies do norte, juntou-se a eles Lyra, uma jovem druida que conseguia se comunicar com as feras da floresta.
Cada um tinha suas próprias dores e cicatrizes, mas todos compartilhavam um mesmo propósito: impedir Malthor antes que ele trouxesse destruição total.
As Provas do Caminho
O grupo enfrentou armadilhas, traições e monstros esquecidos. Nas Ruínas de Kal’thar, foram atacados por espectros que se alimentavam do medo. Foi lá que Alarion, pela primeira vez, conseguiu conjurar um feitiço de proteção poderoso, provando que estava amadurecendo como mago.
Em outra jornada, atravessaram o Deserto de Cinzas, onde o calor parecia derreter os ossos. Foi Seraphine quem liderou, sua determinação mantendo todos de pé.
Mas a prova mais difícil foi no Vale Sombrio, onde Malthor enviou Kaelthar para destruí-los. O dragão cuspia fogo azul que derretia pedra e aço. Mesmo unidos, eles mal conseguiram escapar, e apenas porque Lyra invocou um exército de lobos espirituais para distraí-lo.
O Segredo dos Magos Antigos
Desesperados, o grupo buscou respostas na Biblioteca Escondida de Aeloria. Lá, descobriram que, há mil anos, um conselho de magos havia selado a essência dos dragões em cristais arcanos. Se esses cristais fossem unidos, seria possível reequilibrar o vínculo entre magia e fogo.
Mas havia um risco: apenas alguém de coração puro poderia canalizar tal poder. Caso contrário, a energia destruiria o portador.
Alarion sabia que o destino o chamava.
A Batalha Final
Chegou o dia em que Eldoria tremeu sob o voo de Kaelthar. Malthor havia reunido um exército de guerreiros das sombras. Castelos desmoronavam, vilas queimavam, e o povo clamava por salvação.
O grupo de heróis partiu para a batalha. Seraphine duelou com guerreiros encantados, sua espada brilhando como relâmpago. Brom, com seu machado, abriu caminho contra as criaturas da escuridão. Eryndor lançou flechas encantadas que atravessavam armaduras mágicas. Lyra invocou um tornado de raízes e vinhas para prender dezenas de inimigos.
Enquanto isso, Alarion confrontou Malthor.
— Você não entende, rapaz — disse o feiticeiro, montado sobre Kaelthar. — Dragões não devem ser temidos, mas dominados!
— E é justamente aí que você erra — respondeu Alarion, erguendo os cristais arcanos. — Dragões não são servos. São parte da essência do mundo.
A luta foi feroz. Malthor lançou raios de escuridão, enquanto Kaelthar cuspia fogo. Alarion quase foi vencido, mas no momento final, sentiu a energia dos cristais fluindo em seu coração. Ele não tentou dominar o dragão — tentou compreendê-lo.
E Kaelthar, por um instante, hesitou.
O Sacrifício e a Vitória
Com um último esforço, Alarion canalizou a magia dos cristais. Uma onda de luz envolveu Kaelthar, libertando-o do controle de Malthor. O dragão rugiu, e em sua fúria, virou-se contra o feiticeiro que o escravizara.
Malthor gritou enquanto era consumido pelas chamas que antes controlava. O céu brilhou como se mil sóis tivessem nascido ao mesmo tempo.
Exausto, Alarion caiu de joelhos. Mas Kaelthar, agora livre, inclinou a cabeça diante dele em sinal de respeito.
O Legado
A guerra terminou. Eldoria estava a salvo, mas as marcas da batalha permaneceriam para sempre. O povo celebrou os heróis, mas Alarion sabia que ainda havia muito a aprender.
Seraphine voltou a treinar novos guerreiros. Brom retornou às suas montanhas, carregando novas histórias. Eryndor partiu para as florestas, mas deixou uma promessa de retorno. Lyra continuou protegendo a natureza com ainda mais devoção.
Quanto a Alarion, ele se tornou o Guardião dos Cristais, responsável por manter o equilíbrio entre homens, magos e dragões.
E nas noites silenciosas, quando o vento soprava sobre as montanhas, ele ainda ouvia o rugido distante de Kaelthar, lembrando-lhe de que coragem e compaixão sempre seriam mais fortes do que o poder da escuridão.


