História clássica de mistério policial para ler

Partilhar:
5 min de leitura

O Assassinato em Blackwood Manor

A chuva batia com força contra as janelas da imponente mansão Blackwood, enquanto trovões cortavam o céu de outubro. Dentro do salão principal, o fogo da lareira crepitava, mas o calor não conseguia afastar a tensão no ar. Sir Reginald Blackwood, patriarca rico e respeitado, havia convidado um grupo seleto de conhecidos para um fim de semana em sua propriedade. O que ninguém imaginava era que aquela noite terminaria em tragédia.

Os Convidados

Ao redor da lareira, os rostos refletiam tanto cansaço quanto nervosismo. Cada um carregava consigo um segredo.

  • Lady Eleanor, viúva elegante, dona de um olhar calculista e de uma língua afiada.

  • Dr. Samuel Hawthorne, médico reservado, famoso por sua precisão cirúrgica e seus olhos que pareciam enxergar a alma das pessoas.

  • Coronel Fitzroy, militar aposentado, de postura ereta e disciplina que jamais abandonara.

  • Srta. Clara Davenport, jovem governanta, aparentemente tímida, mas com expressão indecifrável.

  • Sr. Harold Greene, advogado da família, sempre suando frio e evitando encarar os outros.

  • Inspetor Charles Avery, convidado sob o pretexto de amizade, mas cuja presença sugeria outro propósito.

Sir Reginald, de cabelos grisalhos e porte imponente, parecia saborear a tensão entre seus convidados. Naquela noite, durante o jantar, ergueu a taça e anunciou em tom grave:

— Meus amigos, agradeço por estarem aqui. Antes que este fim de semana termine, farei uma revelação que mudará para sempre o destino desta família.

As palavras pairaram no ar como um presságio.

A Noite do Crime

Às onze horas, um grito ecoou pela mansão. Os convidados correram até a biblioteca e encontraram Sir Reginald caído sobre a escrivaninha, uma adaga cravada no peito. A expressão de choque em seu rosto congelara para sempre.

O pânico tomou conta. Lady Eleanor desmaiou, Harold Greene gaguejava sem parar, Clara se encolhia num canto. O inspetor Avery, porém, manteve-se calmo. Fechou as portas e declarou:

— Ninguém sai daqui até que o assassino seja encontrado.

As Primeiras Pistas

O corpo foi examinado pelo Dr. Hawthorne.
— A morte foi instantânea — disse. — A adaga atravessou o coração.

O inspetor então começou sua investigação. A adaga pertencia à coleção de Sir Reginald, guardada na própria biblioteca. Não havia sinais de arrombamento. O assassino estava entre eles.

No bolso do casaco da vítima, Avery encontrou uma carta rasgada. As poucas palavras legíveis diziam: “Se a verdade vier à tona, todos cairemos juntos.”

Interrogatórios

Lady Eleanor jurou que estava em seus aposentos, mas uma criada afirmara tê-la visto rondando o corredor perto da biblioteca minutos antes do crime.

Dr. Hawthorne disse ter ido ao jardim fumar. Mas sua bengala, deixada encostada na porta da biblioteca, contradizia sua versão.

Coronel Fitzroy declarou estar na sala de bilhar. Porém, as luvas de couro que usava estavam manchadas de sangue. Ele alegou ter encontrado o corpo primeiro, mas não avisou de imediato.

Clara Davenport parecia nervosa demais. Disse que dormia, mas o diário encontrado em seu quarto mostrava anotações sobre segredos da família Blackwood.

Harold Greene, o advogado, tremia como uma folha. O testamento de Sir Reginald, encontrado em sua pasta, revelava que quase todos os presentes seriam beneficiados — exceto ele.

Cada suspeito tinha motivos e contradições.

O Jogo de Mentiras

Durante a madrugada, Avery descobriu uma passagem secreta atrás da estante da biblioteca. Marcas de lama no chão sugeriam que alguém a usara naquela noite.

Dentro do esconderijo, havia uma caixa com cartas antigas. Eram correspondências de chantagem, escritas por Sir Reginald, cobrando silêncio de seus convidados sobre crimes do passado: corrupção, adultério, até mesmo um caso de traição militar.

Agora, todos tinham motivo para odiá-lo.

O Primeiro Plot Twist

Ao examinar melhor as cartas, Avery percebeu que a caligrafia de algumas delas era idêntica à de Harold Greene. O advogado confessou:

— Sim, fui eu quem redigiu as cartas a pedido de Sir Reginald. Ele me obrigava a escrever, ameaçando arruinar minha carreira. Mas eu não o matei!

A confissão apenas aumentava o mistério.

O Desenrolar da Verdade

Às cinco da manhã, Avery reuniu todos na sala de jantar. O trovão iluminava os rostos cansados e tensos.

— O assassino deixou muitas pistas — começou o inspetor. — O sangue nas luvas do coronel, a mentira do médico, a presença de Lady Eleanor no corredor, o diário da governanta. Mas apenas um detalhe entrega o culpado.

Ele ergueu a carta encontrada no bolso da vítima.
— Essa carta não foi escrita por Harold Greene. Foi escrita por uma mulher. A caligrafia é de Lady Eleanor.

A viúva empalideceu.
— Isso não prova nada! — gritou.

— Prova sim — respondeu Avery. — Mas não de assassinato. Você o chantageava para não revelar seu passado.

Todos prenderam a respiração.

— O verdadeiro assassino é alguém que não apenas mentiu sobre seu paradeiro, mas também tinha acesso direto à coleção de adagas e sabia como matar de forma rápida. Esse alguém é… o Dr. Samuel Hawthorne.

O médico se levantou, furioso.
— Absurdo! Eu jamais…

— Sua bengala na porta da biblioteca — interrompeu Avery. — Você disse que estava no jardim, mas sua bengala estava lá dentro. Além disso, só um médico saberia cravar a adaga de maneira tão precisa no coração.

Hawthorne respirou fundo, depois sorriu friamente.
— Vocês não entendem. Ele merecia morrer. Reginald destruiu vidas, arruinou famílias. Eu apenas fiz justiça.

O Final

O médico foi contido pelo coronel e entregue às autoridades assim que a tempestade permitiu.

Quando os convidados deixaram Blackwood Manor, o silêncio reinava sobre a mansão. Mas o eco da tragédia permaneceria para sempre.

Lady Eleanor nunca mais foi vista em público. Clara abandonou a cidade e desapareceu. O coronel viveu o resto da vida atormentado por aquela noite.

E o inspetor Avery, antes de partir, olhou para a mansão e murmurou:
— A verdade sempre encontra um caminho, mesmo nas sombras mais escuras.

Deixe um comentário