Casamento por 30 dias: O desafio milionário que mudou uma vida

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*Diário de Rodrigo Mendes*

Chovia torrencialmente nas ruas de Lisboa quando me ajoelhei diante da jovem que se abrigava sob a marquise do meu prédio comercial. O tecido italiano da minha calça manchou-se de lama, mas já não me importava. Mariana Teixeira ergueu o olhar surpresa. Seus olhos verdes brilharam com desconfiança e curiosidade enquanto me estudava.

“Dou-te 50 mil euros se aceitares casar comigo por seis meses,” disse, estendendo o dinheiro. “É só um negócio.”

Ela levantou-se devagar, ignorando as notas. Mesmo com a roupa encharcada e numa situação desesperada, havia dignidade na sua postura. “O que te faz pensar que me venderia por dinheiro?”

Respirei fundo. “O meu avô deixou uma cláusula no testamento. Se não me casar antes dos 33 anos e ficar casado seis meses, perco a herança. O meu aniversário é em duas semanas.”

Mariana cruzou os braços. “E a tua noiva? Ou a lista de candidatas da tua elite?”

“Encontrei a minha noiva, Catarina, na cama com o meu sócio, Gonçalo Silva.” A traição ainda me queimava.

Ela ficou em silêncio por um momento. “O meu irmão mais novo, João, precisa de uma cirurgia cardíaca. Sem ela, não chega aos 18 anos.”

As palavras atingiram-me como um soco. “Quanto custa?”

“200 mil euros.”

Guardei o dinheiro e ofereci-lhe algo diferente: “Dou-te 200 mil para a cirurgia do João e mais 10 mil por mês durante seis meses. Casamos, e depois, divórcio limpo.”

Ela hesitou. “Que garantias tenho?”

“Contrato legal. O dinheiro vai para uma conta fiduciária antes do casamento. Se eu não cumprir, ficas com tudo.”

Mariana aceitou, mas com condições: “João terá o melhor tratamento. Respeitas os meus limites. E no fim, ajudas-me a arranjar um emprego digno.”

Concordei. Havia encontrado uma negociadora, não uma desesperada.

Dois dias depois, assinámos os papéis no escritório do Dr. Almeida, o nosso advogado. O contrato tinha mais páginas do que o Orçamento de Estado.

*Aprendi hoje que o desespero pode unir pessoas de mundos opostos. Mas será que a confiança sobrevive quando os interesses se misturam com os sentimentos?*

Na cerimónia no cartório, beijámo-nos rapidamente, mas nos seus olhos vi respeito, não fingimento.

A primeira jantar na mansão da minha avó, Dona Beatriz, foi um desastre. Ela fitou Mariana com desdém. “O respeito ganha-se, não se compra.”

Mariana manteve a calma. “Concordo, Dona Beatriz. Espero ganhar o seu.”

Naquela noite, no meu apartamento, ouvi uma conversa que mudou tudo. Dois homens falavam sobre como Gonçalo arruinara a “Construtora Teixeira” de propósito. A empresa da família dela.

Mariana descobriu e confrontou-me. “Sabias que Gonçalo destruiu a minha família?”

“Não. Mas agora, vamos enfrentá-lo juntos.”

Usámos a evidência para expor Gonçalo. Ele contra-atacou, dizendo que Mariana só se casara comigo por vingança.

Duvidei. Afastei-a.

*O orgulho é um muro que nos separa da verdade. Só quando o derrubamos é que vemos quem realmente está do outro lado.*

Mas Carmen, a minha assistente, mostrou-me a verdade: Mariana sacrificara tudo pelo irmão. Nunca fingira os sentimentos.

Reconciliei-me com ela. Juntos, derrotámos Gonçalo. Recuperámos a honra da família dela.

Hoje, casámo-nos novamente, desta vez por amor. No jardim da Quinta da Avó Beatriz, trocámos votos reais.

João, agora saudável, vai estudar Engenharia. Mariana e eu abrimos um escritório de arquitetura.

*O contrato acabou, mas o amor ficou. Aprendi que algumas dívidas não se pagam com dinheiro, mas com lealdade. E que as melhores histórias começam com um risco calculado.*

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